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Governo adiou fim da operação do Aeroporto Carlos Prates três vezes sem explicar motivos

A desativação do Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de BH, é promessa do governo federal desde 2020, após um acidente aéreo deixar quatro pessoas mortas nos arredores em 2019. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) chegou a determinar o fim das atividades para o final de 2021 por meio de uma portaria, mas essa determinação foi adiada sucessivas vezes.

O assunto voltou à tona após um acidente atingir o aeroporto neste sábado (11). Um médico de 65 anos morreu, e a filha dele, de 33, está internada em estado grave.

O primeiro ato do governo para dar fim às operações do aeroporto foi em janeiro de 2021. O então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, determinou que a Infraero somente seria responsável pela exploração da unidade até 31 de dezembro daquele ano.

Em 10 dezembro de 2021, a portaria nº 6.671/SIA, da Anac, oficializou o fim do tráfego aéreo da região. O último dia de funcionamento seria justamente 31 de dezembro, conforme portaria anterior do Ministério da Infraestrutura.

Apenas 14 dias depois, em 24 de dezembro daquele mesmo ano, o Ministério da Infraestrutura prorrogou o prazo de funcionamento e de gestão da Infraero até 1º de maio de 2022.

Na ocasião, a pasta informou que atendia a um pedido da Prefeitura de Belo Horizonte, que não detalhou a motivação da solicitação junto ao governo federal. Na época, o Executivo municipal já demonstrava interesse em administrar o espaço.

Às vésperas da desativação prevista pelo Ministério, em 28 de abril de 2022, a Anac soltou uma nova portaria, dessa vez adiando o fim das operações para 1º de janeiro de 2023. O motivo não foi especificado no documento.

Por fim, em 16 de dezembro de 2022, novamente às vésperas do fim da operação, a Anac adiou mais uma vez a desativação. Em nova portaria, ficou para 1º de abril de 2023 – prazo atual para fechamento. Mais uma vez, o motivo não foi especificado.

Procuradas, a Prefeitura de BH, o Ministério da Infraestrutura e a Anac não responderam aos questionamentos acerca do que motivou esses adiamentos até a última atualização dessa reportagem.

Em nota, a Prefeitura somente informou que irá a Brasília para “reiterar nosso pedido para que o governo federal repasse a área para o município”, sob a proposta de transformar a destinação do espaço para um parque com moradias, escolas e centros de saúde.

Comunidade exige desativação, mas já está sem esperanças
O fim da operação do Aeroporto Carlos Prates é exigência antiga dos moradores dos arredores da unidade. A dona de casa Márcia Bueno de Souza, que mora há quase 50 anos no bairro, teve que sair de casa por causa do acidente deste final de semana.

“Duvido [que o aeroporto será desativado]. Estou cansada de ouvir esta história que está saindo. A gente está pensando seriamente em vender e ir embora”, desabafa Márcia.

A dona de casa Veralice Pereira Lima, que mora no bairro há 47 anos, já não acredita que a desativação acontecerá.

“A gente fica revoltadíssimo mesmo. A gente tem pavor, mas fazer o quê? A gente não tem outra opção”, diz Veralice.

Aeroporto Carlos Prates
O Aeroporto Carlos Prates começou suas atividades em 1944. Ele abriga o Aeroclube de Minas Gerais, dedicado à formação de pilotos, aviação desportiva, manutenção, instrução, construção de aeronaves – ultraleves, aviação geral de pequeno porte e de helicópteros, segundo a Infraero.

Perto do aeroporto, já foram registrados pelo menos dez acidentes aéreos desde os anos noventa.

Na década de 30, na época da construção do aeroclube, que posteriormente daria lugar ao aeroporto, a região ainda era praticamente deserta. A área ocupada é de quase 580 mil metros quadrados. O surgimento dos bairros começou dez anos depois.

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